quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Poesia 7: Olhos de Puro Amor



Olhos de Puro Amor
                                             Van

Amei-te com puro ódio
Com a mesma cólera afetiva perfurei teus olhos
Vi em minha vida perdida
Os descaminhos que tu nunca me ofereceste
Era hora de seguir
Arrumei o cabelo no reflexo da lâmina
Beijei-te os lábios frios pela última vez
Antes que, faminto, o gato os comesse.



Para o amigo Lenildo.

domingo, 7 de novembro de 2010

POESIA 5: Hotel



Hotel

Observo a paisagem
Sem casa
Minha cabeça é um quarto de hotel
Só passagens
Muitos vazios
Nenhum aceno
Muitos apertos
No peito


Van

O filme: My Blueberry Nights (tristemente traduzido para o Brasil como "O Beijo Roubado"). 


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Poesia 4: CHOCOLATE!



CHOCOLATE


Amores secretos em caixas de chocolate
Formas antigas de
Com a boca, sem a fala
Dizer as mesmas coisas

Feitos diversos, gestos pausados
Sabores intensos, bocas sedentas
Há chocolate pelos cantos

Línguas febris
Suas procuras não findam
Se desdobram em ânsias
Em reentrâncias e curvaturas
É o chocolate que escorre

Percorre junto e adentro
Realçando com todos os líquidos
Um corpo
Os contrastes entre branco e negro
De um mistério meio-amargo
Profundo
Devassável
Pulsante
Em desmantelar num momento
O próprio tempo

Van

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Poesia 3





O Dito e o Não Dito
Coisas não ditas que esperei ardorosamente não ouvir
Meias palavras em silêncio de uma conversa a um
Discursos subliminares proferidos pra dentro
Saliva seca na garganta
Havia muito ainda a ser dito
Nos dois segundos seguintes
Em que você não estava mais lá
  
Van

domingo, 24 de outubro de 2010

Poesia 2

NA ESTRADA

Escute o som dessa paz que vem como um trovão
O cheiro de pó da chuva que secou seus sonhos
O bilhete é apenas de ida
E na chegada já sabemos o que nos espera
E o bilhete é apenas de ida
O silêncio dessa estrada perfurou meus ouvidos
Levou-me pra além daquelas montanhas
E fui ver o mar
Você estava por lá
Pensei ser o final
Mas você me disse que nada havia acabado
E que a estrada ia além
Você me disse quase sem convicção
Você me disse dessa paz que não chegará
E me embalou em seus braços

Van