domingo, 20 de fevereiro de 2011

Poesia 14: MINGUANTE



MINGUANTE

É lua minguante.
a estrada se perde
no seu próprio correr.
É grande a noite,
ando só pelo extenso
e é só pó
e mato escuro.
Indo pela sombra,
piso e me entranho
entre cobras e aranhas no meio de folhas secas
e penso:
sonham as cobras?
Os insetos, todos os bichos peçonhentos?
Eu não.
Rio-me, quase acredito
na minha própria piada.
Mas continuo e crio um delírio:
uma velha feiticeira,
a essa hora,
Já se faz ver no tronco seco tombado.
Gargalho! Eco.
Só sonho da estrada,
Só alegoria do caminho,
Das cortinas do acaso
Que descortinam esquecimentos.
Passos ermos e lentos,
O caminho me desfaz.
Não sem dor, não sem um meio sorriso,
coleções de despedidas e poesia ruim.
Enquanto isso todos dormem,
o mesmo conto de fadas,
que não vejo pelo caminho.

                                              Van