domingo, 30 de janeiro de 2011

Poesia 13: Em Cada Momento que Te Desejei

Milo Manara
Em cada momento que te desejei, colhi uma flor pra te dar
Em todo desvairo, não via, um jardim se desfazendo
Cada contorno e cada cerca, tudo quedava
Num outono prematuro
Dentro de mim, onde não brilhava o sol, onde nada crescia
Onde te sentia
Ao longe
Em cada flor colhida
Em uma promessa e um suspiro, um alívio e uma agonia
Falta de ar, falta de chão
Amar era ter as rosas e atravessar-me de espinhos
Quase uma canção triste de mil alegrias perdidas
E promessas inalcançáveis em sonhos de criança
De cada momento que te tive quedei-me em não saber onde ia
Em cada flor colhida do jardim que pisei
Matava parte de mim enquanto já não mais te sentia
E ao longe, tua beleza declinava, quando eu não mais te via
Sem euforia,
Sem desespero,
Sem flores,
Sem espinhos,
Só.
                                                                     


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Poesia 12: Era um Cara Qualquer

Gostei do "Don't try"!



Era Um Cara Qualquer


Já sabiam, não queria muita coisa
Pouco sabia do amor
E sua dislexia o impedia
De compor frases mais complexas
Coisas bestas
Sabia que não podia ter futuro nenhum
E por isso sobrevivia
Sem insistência
Parou um dia de pensar na vida
E desapareceu em meio a uma noite qualquer
Com uma última garrafa na mão
Menos mal
Sua vida era como a linha do meio-fio
Que sumia quando encontrava o bueiro
                                                              Van

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Poesia 11: Complicadice


Guardo um segredo,
Revelar apenas as bordas:
As sombras da imensidão,
Dos mistérios de coisas ínfimas,
Meus dois mil desatinos
E alguns desafetos.
Ser um sujeito normal
Na minha esquisitice.
E desfazer as certezas em mais mistérios,
Pra assim guardar,
Dentro de mim
Um mundo.


Van
11/02/99

domingo, 9 de janeiro de 2011

Poesia 9: Corações de Pedra

                                                               Imagem do filme The Squid and the Whale



CORAÇÕES DE PEDRA



Corações de pedra sem
Suspiros frente ao passado
Ordens desfeitas quando
Menos por vontade
Algo se mexia e
Violentamente
Se dissolvia
Na tela de suas vidas

Menos verdades
Mais desejos, gostos apurados por nada
Num ímpeto, um salto até aqui
Pulando o passado
Revertendo os sentidos do presente
Acumulando votos de incertezas
Para o futuro

Negligências preferenciais
Formam corações de pedra
Os sorrisos mais intensos
Não remetem a nenhuma glória
Pobre imagem a que ficou
Um espelho frente a outro
E nenhum dos dois se vê

Sonho em preto e branco
O futuro acena finalmente
De través
Pelos cortes nas mãos e dos calos na vista
Do que não se vê
Do que não será jamais
Das coisas improváveis e inauditas
Palavras de amor esquecidas e desejadas
Em segredo

Corações de pedra e cimento
Desassossego em cinza
Pelo que se foi
Revolução silenciosa
Pelo que virá


                                                  Van

                                                     05/05/2001

domingo, 2 de janeiro de 2011

POESIA 8: Nada a Dizer



Nada a dizer

Nenhuma palavra dita lembrava o amor de antes
Seus silêncios não foram quebrados
Um choro foi contido no toque de mãos que se seguiu
Eram os maiores amantes que caíram de suas próprias vidas
E de vida ficaram coisas pra lembrar em prateleiras de livros
E fotos em alguma caixa escondida
Registros de uma vida que poderia ter sido as suas
Sim, eles se tocaram, ninguém morrera
E as coisas gritavam isso de todos os cantos
Hora de partir.