terça-feira, 13 de março de 2012

Poesia 31: Sonho Estranho

Cartier Bresson
Um dia qualquer ela acordou de um sono estranho.
Neste, o sonho mais do que nunca lhe parecia com a vida.
Essa vida assim, de viés, impressionista, daltônica, apressada, randômica.
Viu seu herói morrer, seu amor não vir, um sol se por e uma chuva infernal não querer acabar nunca.
Quando acordou sentira dores pelo corpo e gozou sobre um outro eu na qual não mais se reconhecia.
Nesse estado de torpor se encantou com toda a beleza que declinava com o Sol daquele dia. Rebelou-se, chutou todas as latas que pôde e assobiou.
E ao sair por ai, sem se sentir, sem peso, coseu delicadamente a luz macia de uma manhã sem fim. Cantou enquanto o fazia.
E sua melodia encheu o ar, ao mesmo tempo que floriram uns tantos novos jardins que estavam há tempos por nascer.
E seguiu assim por esse dia, que não sabia ser sonho ou se sua vida na qual sonhava que vivia.
Sabia, havia coisas por fazer, umas duas ou mais poesias, umas tantas outras trapalhadas, um romance talvez... quem haveria de saber?
E uma certeza, nenhum sorriso se vem sem que o sonho breve que é vida, ganhe uma folga pra sonhar-se a si mesma.
E se permitiu partir, rompendo o dia com ternura, inquieta que era, pra ver o que havia do outro lado.



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