sexta-feira, 27 de julho de 2012

Quando a chuva parou, o mar

Intermares, Cabedelo, PB
Chovia num dos dias em que ela apareceu em sua vida, sim, foram vários. Logo chuva, de que ela tanto desgostava. Chovia naquela época do ano, como chovia por dentro de sua casa, chovia por todos os cantos através dos quais era possível sentir o mundo úmido. Nesse dia o tom ao telefone era outro, a fala apressada queria sair, ir desembestada ao encontro desse desconhecido, dar aquele passo espacial no vazio, fora da nave, explorando com ansiedade e cautela o litoral onde aquelas ondas arrebentavam. Na hora de vê-la, ele, quase o embaraço: que palavras usar? O que podia dizer?  No dia em que se encontraram, os assuntos pareciam ganhar sabores de coisas repartidas há muito tempo. Logo, entre uma confidência e outra, colo, afago, abrigo, olhar. Escorrer devagar a mão em seus cabelos e tentar acreditar na realidade da cena. Naquele dia não caberia nenhuma amnésia, eles lembrariam. Naquele dia onde tantas confusões povoavam suas cabeças, ela, sempre ela, disse as palavras mágicas que nunca sairiam de sua cabeça.
E a chuva parou. Foram felizes.
Aprenderam a se dar felicidade.

Naquele silêncio o mar era só deles.

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