quarta-feira, 18 de julho de 2012

Quando Ela Partiu



Aquela manhã parecia estranha por tudo, a noite tão pouco o fora menos. Além da chuva infernal, daquelas que marcariam os editoriais de todos os jornais, seu telefone não tocara. Passara a noite só. Pensava: “seria necessário, qual o sentido disso?” Mas ele não viera. Pela manhã o café, solitário. Uma mensagem de bom dia, um comentário sobre a chuva (o último). Uma vontade infinita de estar junto, dessas de quem pressente o fim, sente o resto da eternidade esvaindo-se nos próximos minutos, enquanto o café esfriava na xícara. Mas ele não veio. O dia veio como o último, nos próximos minutos, a própria vida iria assim mudar de lugar, sem avisar, a ninguém. Pra onde o som da sua voz não estaria mais em lugar nenhum. E o desespero não mais a atingiria.
E ela partiu em seu vestido azul. Faz um mês amanhã. 
Aquela chuva continuou pra sempre, como testemunha de um dia que a graça precisou ser reinventada no mundo.

"Pode ser a eternidade má
Eu ando em frente pra sentir saudade" (Marcelo Camelo)

2 comentários:

  1. Que lindo... :( Foi isso mesmo, foi um dia feio, estranho, frio. O prelúdio do que mais tarde seria a vida sem o calor daquele sorriso! Saudades sempre e vontade de que a justiça seja feita!

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  2. "Na manhã infinita vontade de estar junto..." pois é assincronia me persegue!!!

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