domingo, 4 de novembro de 2012

À Beira da Estrada*



Carro no prego, conversa com um borracheiro à beira de uma estrada qualquer. 
Uns anos atrás:

"Eu conheci um sujeito da tua terra, cara muito legal, há muito tempo atrás. Foi meu cunhado. Era noivo de minha irmã. Morávamos no Rio, toda família tinha se mudado pra lá, saindo do sertão. Eles iam casar e antes disso ela morreu. Triste isso, tão jovem... 

Eles tinham um dinheiro guardado na caderneta de poupança pra construírem a casa deles e minha família não queria deixar o rapaz ficar com o dinheiro. Um irmão disse que se desse o dinheiro para ele, ele sumiria. Mas convenci meus pais a irem ao banco comigo tirar o dinheiro e entregá-lo para o meu cunhado. Para surpresa deles ele não sumiu, mas pegou o dinheiro e construiu um túmulo de mármore para minha irmã, um patrimônio... 

Depois do enterro ele foi embora, não se despediu. E nunca mais soubemos notícias dele. Ele era um homem honrado. Uns anos depois tentei por todos os meios encontrá-lo, procurei muito, mas não consegui..."

Fiquei pensando no que estaria passado pela cabeça do rapaz enquanto construía o túmulo de mármore, antes de desaparecer pra sempre. 
A festa de casamento poderia ter sido muito bonita. 
Poderia...

* Publicado originalmente sob o título de "Perhaps" em 16/10/2010, logo no início do blog. Fiz algumas modificações na forma, mas de resto, é tudo verdade. Perhaps...

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