domingo, 14 de abril de 2013

E alguns fios castanhos pelo chão

Hugues Erre (fonte aqui: Obvious)

Ele pra variar, não sabia para onde ir. Ela ali a sua frente naquela tarde de céu azul profundo. Entre um toque de leve de mãos, um sorriso e um instantâneo de destino em forma de sonhos, emergiam as escolhas irresistíveis: ficar ou seguir. Das bocas nenhum argumento lhes convencia, não havia nenhum fato que se opusesse às cores do silêncio enquanto se olhavam.

Se havia algum fato inescapável era o de que ela estava lá. Agora, à sua frente, atrás, aos lados, em cima e abaixo de onde o pensamento podia – Ela já estava. Cheia de praia e sol nos olhos e de brilho de toda à tarde. E ele lá esperando pelo beijo dela.

Ela, onde não se sabia, distante das velhas certezas, desmontando devagar os segredos de cada ruga no rosto dele, decifrando os códigos secretos que se pretendiam tão bem guardados nos seus rastros de cabelos brancos.

Deram-se conta que não sabiam para onde ir. Riram e continuaram.

No dia seguinte, restaram alguns fios de longos cabelos castanhos pelo chão.


2 comentários:

  1. texto incrível, principalmente ao ser lido numa segunda after work onde tudo é cansaço mas o olho brilha.

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    1. Obrigado pelo comentário, caro LaCarne... E eu que já estava quase me acostumando com a ideia que a segunda já tinha ficado pra trás rsrs Abração!

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