Em todo desvairo, não via, um jardim se desfazendo
Cada contorno e cada cerca, tudo quedava
Num outono prematuro
Dentro de mim, onde não brilhava o sol, onde nada
crescia
Onde te sentia
Ao longe
Em cada flor colhida
Em uma promessa e um suspiro, um alívio e uma agonia
Falta de ar, falta de chão
Amar era ter as rosas e atravessar-me de espinhos
Quase uma canção triste de mil alegrias perdidas
E promessas inalcançáveis em sonhos de criança
De cada momento que te tive quedei-me em não saber
onde ia
Em cada flor colhida do jardim que pisei
Matava parte de mim enquanto já não mais te sentia
E ao longe, tua beleza declinava, quando eu não mais
te via
Sem euforia,
Sem desespero,
Sem flores,
Sem espinhos,
Só.