quarta-feira, 26 de junho de 2013

Dias de Rebelião


Pararam próximos a uma vitrine de uma loja chique do bairro nobre da cidade. Palmas das mãos estendidas sobre o vidro, os dedos dela e os dele, lado a lado, tocavam o vidro frio, sentiam na rigidez da transparência a distância das coisas que não lhes diziam respeito, o vazio do mundo nas coisas à venda - inalcançáveis.  Ver e não tocar, não atravessar, não transgredir, não rebelar-se contra a coisa que os aprisionavam num mundo segregado. Até o momento que, o voo não previsto de uma pedra, vinda sabe-se lá onde, estilhaçou tudo e cobriu a calçada com centenas de pequenos fragmentos de vidro. Mãos dadas, hora de correr pelas calçadas em convulsão. Dias de levante. Dedos entrelaçados, a revolução urrava pelos desejos libertos de todas as paixões no mundo, que as coisas não conseguiam mais reter.