Paul Almasy - Dancers |
Não parecia tão tarde da noite, mas naquele momento a música já havia parado. Ela não sabia se sentia-se tonta pelo excesso de vodka, ou pelas voltas que deram lembrando antigas músicas da época em que se conheceram, mas via flashes de luzes coloridas quando fechava os olhos: vermelhas, brancas, amarelas.
Abriu os olhos, mas não
conseguiu olhar para ele. Em um canto longe de todos, envoltos pelo silêncio, cada frase
solta, cada pergunta desencontrada parecia mexer cada nervo do corpo. As
falas e respostas dele a relaxavam e, ao mesmo tempo, a colocavam em um
estado de alerta total. O perigo estava ali, no abrigo, no afago, no lugar em
que estava, em sua teimosia poética de insistir em perder-se. No calor daquele abraço.
Seu coração já estava envelhecido,
foi prematuro. O dele pulsava, pronto para tomar o Álamo, mas todos sabemos, este
não caiu. De olhos bem abertos, sabiam, não falariam de amor. Ela não seria
devorada por si mesma novamente e ele recolheria seus mortos.
Desta noite guardariam apenas
o silêncio como mote para futuras histórias.
Viver é: "teimosia poética de insistir em perder-se"
ResponderExcluirAnnie Hall
Pois é, Annie
ResponderExcluirSó a poesia pode nos redimir, justo ela, a anti-bússola, o GPS biruta da vida.