sexta-feira, 6 de maio de 2016

A Canção (conto)

Robert Doisneau, Le Muguet du Métro, 1953
Fim de tarde e seu ônibus parou em um sinal no retorno do trabalho. Pela janela viu um casal jovem, enamorado, sentados abraçados num banco de praça. 

Pensou numa canção que falava da paixão e seus riscos: encontros, desencontros e perdas. A mesma que cantarolou muito tempo atrás, depois que um grande relacionamento seu tinha acabado. Ela o fez em um momento quase sem intenção, como uma música de fundo que só ela podia reconhecer, para um amante fugaz, assim também, em um banco de praça. 

Se lembrava que este reconheceu a música de pronto e completou o verso, que na verdade, falava unicamente dela. 

Terminaram ainda naquela semana. Não houve nenhum sobressalto. Guardou esse momento para si, como também essa canção. 

Nunca mais a cantou para ninguém.

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