Heavy and Dangerous Sea |
Para o Amigo Lenildo. Uma retribuição.
“O passado comanda o futuro” dizia a pichação. Passava por
ela todos os dias, no caminho do trabalho para casa, sempre ali, desbotando na
parede daquele prédio abandonado. Nunca a tinha percebido, até hoje. O curioso
foi sua atenção ter sido atraída quando percebeu-se admirando as ruínas do
antigo prédio. Também nunca acontecera.
Durante o resto do percurso pensou nisso: suas ruínas
interiores eram o que ele trazia de mais pulsante, nenhuma alegria, nada de
desejos, nada mais. Nestes termos o futuro mais alegre foi um passado marcado
pelo sol, praia, banhos de mar pelados e sexo numa praia deserta.
Cada detalhe de corpos nus e desejos sem nenhum tecido, por
menor que fosse, para atrapalhar. Esse passado intenso apontava sem que
soubessem para o declínio, o rancor, a saudade, o esquecimento. Não
necessariamente nessa ordem.
O passado agora o fazia alimentar seus gatos logo que
chegava em casa. Nada heroico. Vida que seguia.
Memórias-ruínas a sustentarem uma existência. Mais de uma, afinal também há os gatos...
ResponderExcluirAdorei o texto, especialmente o desfecho! Sigamos.
Abraços, Dave 😘
Simbora, criar mais desfechos (im)possíveis para o passado-futuro continuum da imaginação-realidade (em ruínas).
ResponderExcluirGatinhos sempre ajudam (rs).
Obrigado pela visita, Larissa!
Até já
Bjs.