De todos nossos desencontros o final foi o nosso maior momento. Ali flertando com o abismo, olhado fundo no olho vermelho do outro, de quem não fomos, e agora sabemos em meio à cólera, não seremos jamais.
Naquele dia entre entre a sala e a cozinha, nos fuzilamos com técnica e precisão usando tudo que nosso amor sabia ser o pior do outro. Como fomos longe o suficiente na embriaguês mórbida da destruição que o desgostar reserva pra dor. Fomos perfeitos ali. O nosso mundo podia acabar enfim.
Amore, de tudo que não passa, seus atropelos, meu destempero, seus vazios que escaparam do divã do seu analista, minha insegurança em insistir, sua beleza, seus cabelos sobre meu rosto, seu cheiro agudo de tristeza me levam sempre ao mesmo lugar, aquele longe, onde bebíamos café no fim de tarde, amargo, como aprendi com você.
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