Se reencontraram porque era impossível que não se vissem de novo, apesar das promessas de esquecimento e afastamento definitivo. Saíram pra dar uma volta de carro perto mar, pois ela dissera cedo que queria ver a Lua.
As mãos dele suavam ao volante, já não havia nada mais imperativo do que o silêncio enquanto trafegavam rumo à praia naquele domingo a noite.
Sentaram em um ponto afastado da areia, o mais afastado das pessoas, sob a luz lânguida de um poste de rua que mal os alcançava. O silêncio era quebrado apenas pelas ondas. O luar criava uma atmosfera fantasmagórica de medo da perda, arrependimento, dúvida. Enfim, apenas a mágoa emoldurava o quadro imponderável do fim.
Ela, sempre ela, enfim quebrou o silêncio. Falou da primeira vez que o viu, ao que ele emendou o mesmo sobre ela. Não que já não tivessem dito isso um para o outro várias vezes. Mas aquele era o ponto irretocável de suas vidas onde nenhum rancor jamais os alcançaria.
Enlaçaram as mãos. Se beijaram. Tiraram as roupas e se lançaram ao mar. Não precisava haver um amanhã. Poderiam viver na Lua como ela queria. O Sol não mais nasceria, porque nada mais importava.
25.03.20
Cidade do México
10º dia de quarentena
Nenhum comentário:
Postar um comentário