quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Ela Queria Mais

Morning Sun (Edward Hopper, 1952)
Sua mudança estava completa, uma nova cidade, uma nova vida. Neste novo lugar nem mesmo ela se reconhecia. Ou talvez agora se conhecesse mais do que nunca. Sentia sua pele acesa, vibrante como todo o resto do seu corpo. Ao passar as mãos sobre as pernas, nuca, seios sentia-os ardentes, como espetados por milhares de minúsculos alfinetes que lhe lembravam a cada segundo que tinha pressa, um desejo furioso, uma fome de algo que estava lhe retesando os músculos, criando um permanente sorriso nervoso, incontrolável. Havia voltado pra casa há pouco, do cara que conheceu ontem trazia o pescoço marcado pelo arranhar da barba malfeita e um cheiro de perfume masculino barato. Na beirada de sua cama via as primeiras luzes do Sol. Toca-se excitando-se se como a vida dependesse da continuidade eterna desse entorpecimento. Ela podia tudo. Rufaram os tambores de guerra. Ela queria mais.

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