Morning Sun (Edward Hopper, 1952) |
Sua mudança estava
completa, uma nova cidade, uma nova vida. Neste novo lugar nem mesmo ela
se reconhecia. Ou talvez agora se conhecesse mais do que nunca. Sentia sua pele
acesa, vibrante como todo o resto do seu corpo. Ao passar as mãos sobre as
pernas, nuca, seios sentia-os ardentes, como espetados por milhares de minúsculos
alfinetes que lhe lembravam a cada segundo que tinha pressa, um desejo furioso,
uma fome de algo que estava lhe retesando os músculos, criando um permanente
sorriso nervoso, incontrolável. Havia voltado pra casa há pouco, do cara que conheceu
ontem trazia o pescoço marcado pelo arranhar da barba malfeita e um cheiro de
perfume masculino barato. Na beirada de sua cama via as primeiras luzes do Sol.
Toca-se excitando-se se como a vida dependesse da continuidade eterna desse
entorpecimento. Ela podia tudo. Rufaram os tambores de guerra. Ela queria mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário