quinta-feira, 26 de abril de 2018

Tempo e Cenas Banais de Aniversário




Cena 1:

Dia de aniversário. O seu. Chuva forte. Muitos amigos e cervejas. Você toma caipiroskas com uma vodka cara que havia ganhado de presente. Certa hora da noite estamos todos molhados na varanda com os respingos do beiral do telhado. As risadas desenfreadas ganham volume com o grau etílico da hora adiantada e das piadas bobas que se revezam. Você me abraça e não me solta mais. Está mais linda do que nunca. Seu beijo me faz esquecer mais uma vez porque queria ir embora. Quase manhã e você adormece em meus braços.

Cena 2:

Dia de aniversário. O meu. Você não está. Talvez esteja doente, talvez sei lá. Coisas do tempo que passa rápido demais, talvez. Talvez.

Cena 3:

Tempo e silêncios. Perdas nossas em meio a vida que segue. Escuto músicas tristes para lembrar de você. 


sábado, 14 de abril de 2018

Saudades com Alecrim


Vsevolod Tarasevich (1963)  
Fonte: Soviet Postcards

Ontem me lembrei do dia em que você iluminou a casa com velas aromáticas, o perfume de alecrim estava em tudo. No teto finas fitas coloridas.
Consigo lembrar que não entendia, gostava, mas calava. Enquanto você me cobria de beijos. Seu sorriso sob aquela luz amarela me fazia acreditar. Suas pernas e ancas nuas, seus peitos e suas costas macias eram a única resposta.
Mas não fiquei, nem você.
Hoje nos encontramos naquele lugar impossível onde só a lembrança do aroma de incenso, de primeiras confissões, desejos fofos ou sujos que não realizaríamos marcam as cartas que nunca escreveremos.
Saudade é uma palavra prenhe cheiros, cores, tato de coisas que poderiam ter sido.
Ou foram, apesar de que hoje mal consigamos lembrar delas.