sábado, 14 de abril de 2018

Saudades com Alecrim


Vsevolod Tarasevich (1963)  
Fonte: Soviet Postcards

Ontem me lembrei do dia em que você iluminou a casa com velas aromáticas, o perfume de alecrim estava em tudo. No teto finas fitas coloridas.
Consigo lembrar que não entendia, gostava, mas calava. Enquanto você me cobria de beijos. Seu sorriso sob aquela luz amarela me fazia acreditar. Suas pernas e ancas nuas, seus peitos e suas costas macias eram a única resposta.
Mas não fiquei, nem você.
Hoje nos encontramos naquele lugar impossível onde só a lembrança do aroma de incenso, de primeiras confissões, desejos fofos ou sujos que não realizaríamos marcam as cartas que nunca escreveremos.
Saudade é uma palavra prenhe cheiros, cores, tato de coisas que poderiam ter sido.
Ou foram, apesar de que hoje mal consigamos lembrar delas.


2 comentários:

  1. Olá Dave

    As lembranças por vezes estão entre a benção e a maldição

    Com algumas variações, o aroma do Alecrim a todos nós acompanha

    Abraço

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  2. Olá Jonatas,

    Perdão pelo atraso em respondê-lo tive problemas com o aviso dos novos comentários.
    A ambiguidade presente nas lembranças é um fato. Agravada pela reconstruções falhas e evidentemente tendenciosas que elaboramos sobre o que ocorreu.
    Na realidade você está certo mais uma vez, alecrim é apenas uma possibilidade, a incerteza sobre o que passou nos cerca.

    Obrigado pela visita.

    Grande abraço,

    Dave.

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