Segundo post com a banda aqui no blog.
Acompanha uma nostálgica viagem em imagens aos anos 1970.
"DAVE BOWMAN: You see, something's going to happen. You must leave. HEYWOOD FLOYD: What? What's going to happen? DAVE BOWMAN: Something wonderful" (2010: The Year We Make Contact)
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Comemoração (conto)
Foto: Antonio Lacerda / EFE |
A praça estava lotada
de bandeiras vermelhas. Todas as pessoas ansiosas pelo início da apuração. Ele
chegou cedo, ainda com um pouco de sol da tarde. Andou um pouco pra lá e pra cá,
não viu ninguém conhecido, pensou que talvez seus amigos tivessem ido para outro
lugar acompanhar a contagem. Era mais um talvez naquele dia incerto. Ninguém
lhe ligou. Nada de mensagens.
Comprou uma cerveja e
sentou-se no banquinho da praça, ao lado do quiosque. Chamou-lhe a atenção uma
moça bonita que ia e vinha. Inquieta, grande sorriso, sabe lá de onde vinha e
para onde ia. O tempo passou a apuração seguia, o voto a voto apertado extraia
dos rostos uma expressão de quase desespero. Acompanhava pelo telão o
desenrolar dos números.
Displicentemente olhou
para o lado e viu a mesma garota de algumas horas atrás. Cabelo castanho escuro
profundo, discreta franja. A longa tattoo de finos traços orientais no braço
contrastava com a pele branca e os pelos escuros. Mesmo diante da preocupação
do momento, o sorriso dela parecia maior, realçado pelo batom vermelho.
Vê-la retirou-o
instantaneamente de sua quase letargia depois de tantas cervejas. Ela segurava uma
grande bandeira vermelha. Também o olhou. Falou-lhe algo sobre os números do
escrutínio, ele concordou. Trocaram mais algumas opiniões rápidas sobre
qualquer coisa. Súbito, no telão surge o resultado final. A explosão de alegria
da vitória mescla-se com gritos e uma vertiginosa antecipação do carnaval. Eles
também pularam. Abraçaram-se e pularam mais. A bandeira dela foi ao chão e eles
se beijaram. Demoradamente, exorcizando todas as angustias.
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Não Lugares (conto)
A porta da sala se
fechara há pouco. Tomava uma última taça de vinho na varanda, encostada no
parapeito.
Enquanto olhava para
suas plantas, esperava uma resposta
para os dilemas de seus descompassos afetivos. Queria que seu coração se tornasse
prático, assim como ela era a maior parte do tempo com suas obrigações. Parecia
não haver jeito. Essa noite era prova disso.
Eles se deviam essa
fala, esse olho no olho, esse mergulho no desejo, insolúvel em um meio que não fosse o das relações imaginárias. Durante alguns momentos naquela noite falaram como ia vida. Entre um caso e outro ou uma confissão, foi-se uma garrafa de vinho e alguns cafés.
Nesse reencontro não
tocaram no que os fazia querer estar ali e evitaram cuidadosamente suas antigas
diferenças, como também, mais ainda o que parecia os unir. Cuidado apenas
traído pelo riso bobo no qual se viram envolvidos, revivendo algumas piadas
antigas e batidas.
Abraçaram-se longamente
na despedida. Novamente aquele beijo perto da boca, a medida do não lugar, do
que talvez nunca tenha estado, do que talvez nunca estará. Do que deveria ser.
Tudo o que parecia
dizer aquela música antiga e com melodia triste, que estava no CD que ele lhe gravou como recordação.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
terça-feira, 7 de outubro de 2014
domingo, 5 de outubro de 2014
Embarque (Conto)
Aqueles estavam sendo
tempos difíceis para ela. Entre as coisas que teimavam em não dar certo, suas
contas vencidas e o dinheiro pouco do novo recente trabalho, tinha na cabeça
apenas a certeza de que tudo aquilo seria passageiro.
Roupa de dormir e uma xícara de chá. Colocou para tocar uma trilha de filme que seu pai ouvia quando ela ainda era criança. No clima nostálgico e embevecido pela música pensou em seu sonho da noite anterior, no qual tudo era diferente, e ela contava para um atento rapaz de olhos ternos que conhecera há pouco, o quanto tinha certeza que algo maravilhoso estava para acontecer.
Na manhã seguinte ao chegar ao trabalho abriu um e-mail do mesmo rapaz, perguntava por ela e se poderiam se ver novamente. No final de semana combinaram um encontro. Foi um curto e intenso romance. No mês seguinte pediria demissão, entregaria o apartamento e cruzaria o país. Iria resolver seu sonho em uma terra estranha.
Ao rapaz no aeroporto jurou nunca esquecê-lo. Agradeceu a ele por naquele sonho tê-la ouvido, beijaram-se pela última vez e ela se perdeu entre as outras pessoas por trás do portão de embarque.
Hoje, depois de tanto tempo, ele tem quase certeza de que tudo aquilo não passou de um sonho. Dele.
Roupa de dormir e uma xícara de chá. Colocou para tocar uma trilha de filme que seu pai ouvia quando ela ainda era criança. No clima nostálgico e embevecido pela música pensou em seu sonho da noite anterior, no qual tudo era diferente, e ela contava para um atento rapaz de olhos ternos que conhecera há pouco, o quanto tinha certeza que algo maravilhoso estava para acontecer.
Na manhã seguinte ao chegar ao trabalho abriu um e-mail do mesmo rapaz, perguntava por ela e se poderiam se ver novamente. No final de semana combinaram um encontro. Foi um curto e intenso romance. No mês seguinte pediria demissão, entregaria o apartamento e cruzaria o país. Iria resolver seu sonho em uma terra estranha.
Ao rapaz no aeroporto jurou nunca esquecê-lo. Agradeceu a ele por naquele sonho tê-la ouvido, beijaram-se pela última vez e ela se perdeu entre as outras pessoas por trás do portão de embarque.
Hoje, depois de tanto tempo, ele tem quase certeza de que tudo aquilo não passou de um sonho. Dele.
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
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