A porta da sala se
fechara há pouco. Tomava uma última taça de vinho na varanda, encostada no
parapeito.
Enquanto olhava para
suas plantas, esperava uma resposta
para os dilemas de seus descompassos afetivos. Queria que seu coração se tornasse
prático, assim como ela era a maior parte do tempo com suas obrigações. Parecia
não haver jeito. Essa noite era prova disso.
Eles se deviam essa
fala, esse olho no olho, esse mergulho no desejo, insolúvel em um meio que não fosse o das relações imaginárias. Durante alguns momentos naquela noite falaram como ia vida. Entre um caso e outro ou uma confissão, foi-se uma garrafa de vinho e alguns cafés.
Nesse reencontro não
tocaram no que os fazia querer estar ali e evitaram cuidadosamente suas antigas
diferenças, como também, mais ainda o que parecia os unir. Cuidado apenas
traído pelo riso bobo no qual se viram envolvidos, revivendo algumas piadas
antigas e batidas.
Abraçaram-se longamente
na despedida. Novamente aquele beijo perto da boca, a medida do não lugar, do
que talvez nunca tenha estado, do que talvez nunca estará. Do que deveria ser.
Tudo o que parecia
dizer aquela música antiga e com melodia triste, que estava no CD que ele lhe gravou como recordação.
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