Atribuído a Thomas Eakins (fonte: Les Yeux Clos) |
No dia em que ela se
despediu o fez como quem não quisesse ir. Na verdade não sabia que aquele
sorriso que ensaiou para ele, beirando o mais natural que podia, seria sua
última imagem. No fundo sabia sobre o que tudo significava. O fim é
irreversível, seus gatos sentiam, o mundo agora ganhava outra forma, fluida, numa
arquitetura sem ponto de fuga. E sua casa já não era um porto seguro. Aquele
era seu momento definitivo, a partir do qual tudo mais seriam lembranças, e os
sonhos, presságios apenas da manhã na qual não estaria. Sorriu no vídeo que
deixou para ele antes de partir. Aquele sorriso dela seria para ele sua forma de dizer eternidade.
Em memória de minha mãe.
As imagens que formam memórias e lá no infinito dos sentimentos conseguem, de alguma forma, nos trazer consolo. E são as memórias de um sorriso que confortam o adeus inevitável dessa vida.
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