A Febre do Rato (Cláudio Assis, 2011) |
Outro dia se percebeu cantarolando baixinho uma
música de Bárbara Eugênia, “Por ai”. Pensava na cena daquela garota que andava
por ai, em seu ímpeto de fazer mil coisas enquanto ele a esperava, entre
algumas cervejas, sentado em algum banco de praça, meio fio, ou bar do centro
da cidade.
Pensava sobre isso ao mesmo tempo em que se lembrava
do rosto dela, em meio a tanta velocidade. No ir e vir de tantas coisas
inadiáveis e além de sua compreensão. Sua
presença sempre breve era marcada pelo inalcançável, menos de seus olhos,
sempre lá. Ele sempre os fitando por aqueles breves segundos antes de
desaparecerem e restar apenas sua boca, com seus lábios fartos, no ponto mesmo
de fuga onde se sabia na tangente do desespero de ser um observador falsamente
controlado.
O jogo da espera era cruel para o herói. Este
conjurava poderes de onde nada nunca vinha além da sua disposição em continuar
no jogo, contra tudo, contra ninguém além dele mesmo no limite de suas forças,
além do cadafalso daqueles movimentos de cabelo.
Esperava naquela tarde quente. Em breve ela
terminaria mais uma ou outra coisa e passaria por ali para vê-lo. Era inadiável
fazer algo, suas idas e vindas lhe roubara toda fé, sua resistência nada mais
era do que seu medo de bater em retirada de si mesmo. De nada mais ser além de
algo que foi virado ao avesso, que ela o virasse pelo avesso.
Ouvira outro dia alguém comentando o quanto um jogo
pode ser bonito, mesmo com um placar pífio, era seu caso, nenhum tento
registrado, como se o motivo do treinador do outro time fosse apenas mostrar a imbatível
qualidade de sua defesa. A capacidade de manter a bola no pé durante horas,
dias, eras, dissimulando toda a intenção, atraindo pra si de forma hipnótica
todos os olhares da torcida.
Súbito, ela estava novamente ao seu lado. Um “oi”,
um sorriso de sua parte e alguém, um insano operador das paixões absurdas,
liberava o freio da montanha russa que habita sua mente enquanto ela está por
perto. Lá ia ele de novo...
E o placar seguia sem ajudar.
Sei bem pelo o que nosso herói tá passando, acho que todos sabemos, né!? Mas uma hora o placar muda, ai as coisas melhoram... ou não!
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