A cena era
basicamente a mesma, a estória se repetia como agulha enganchada, como ele próprio
já havia percebido muitos contos atrás. Novamente ela estava ali em sua frente,
mas dessa vez alguma coisa estava diferente em seu de olhar, nos seus
movimentos. O mesmo sonho intranquilo se desenrolava, porém face a face, de
verdade.
Ao invés de
um café, ou de uma mesa em algum bar, dançavam. Dançavam como se não houvesse
mais ninguém por perto, como se a noite se resumisse em fechar os olhos e
evaporar-se em ritmo, batidas, e nos movimentos de seus cabelos.
Desde a
última vez, pensou em dizer-lhe sobre a forma como seus cabelos descreviam um
movimento de liberdade que, somados a leveza do seu vestido floral, fazia
daquela garota, naquele momento, a única capaz de dar o sentido certo a toda
poesia dos Jorges, Ottos, Velosos e dos Tims que enchiam o ar.
A cada ida,
em cada volta daquelas ondas castanhas, ao som de It’s a Long Way, algum pilar
de sua fundação ruía e outras tantas vigas se desintegravam na única
necessidade possível frente aquilo, fundir-se a ela nas águas escuras da lagoa
do Abaeté, arrodeadas por areia branca. E fugir dançando reggae pela vida, na
Portobello Road.
Como disse
antes, sonhos intranquilos. Ela parecia não o conhecer, ou o conhecia demais!
E nove em
cada dez estrelas de cinema ainda o fazem chorar, ao som de Transa.
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