Frevo (Portinari, 1956) |
Era fevereiro, bebê.
Minha mão na sua mão pelas
ladeiras, nós dois perdidos no calor que não se sabia mais vir de dentro, ou de
fora, daquele Sol que cozinhava nossas moleiras. Derretidos em suor, quando seu
perfume compunha com o frevo o refrão de que você me queria.
Nem precisava mais
fitar seus olhos, pois já me haviam sequestrado, depois de devidamente dissolvido
pelos seus raios negros. Bem na hora,
hora exata que você me olhou daquele jeito e me beijou.
O frevo entrou em
nossas vidas pra sempre. E continuou tocando em minha cabeça, mesmo depois que lhe perdi de vista, na dobra de uma
esquina qualquer, sei lá porque desses motivos que não importam, pouco antes do
bloco parar de tocar.
Era fim de mais um carnaval. Sentei-me na praça com uma última cerveja e me vi de repente com um sorriso bobo. Havia uma graça em ver as
pessoas indo embora no carnaval. Nunca se sabe o que virá. Talvez você um dia leia
isso, talvez um dia nos encontremos em outro carnaval. “Saudade”, lembrei-me,
tava na letra daquele último frevo que ouvimos antes de você partir.
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