quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

E Outro Fim de Festa

Frevo (Portinari, 1956)



Era fevereiro, bebê. 

Minha mão na sua mão pelas ladeiras, nós dois perdidos no calor que não se sabia mais vir de dentro, ou de fora, daquele Sol que cozinhava nossas moleiras. Derretidos em suor, quando seu perfume compunha com o frevo o refrão de que você me queria. 

Nem precisava mais fitar seus olhos, pois já me haviam sequestrado, depois de devidamente dissolvido pelos seus raios negros.  Bem na hora, hora exata que você me olhou daquele jeito e me beijou. 

O frevo entrou em nossas vidas pra sempre. E continuou tocando em minha cabeça, mesmo depois que lhe perdi de vista, na dobra de uma esquina qualquer, sei lá porque desses motivos que não importam, pouco antes do bloco parar de tocar. 

Era fim de mais um carnaval. Sentei-me na praça com uma última cerveja e me vi de repente com um sorriso bobo. Havia uma graça em ver as pessoas indo embora no carnaval. Nunca se sabe o que virá. Talvez você um dia leia isso, talvez um dia nos encontremos em outro carnaval. “Saudade”, lembrei-me, tava na letra daquele último frevo que ouvimos antes de você partir.

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