Meu bem, ontem te vi em
meu sonho. Incrível como tudo parece tão real quando tu apareces. Ao mesmo
tempo, tudo é diferente. Dizem que não sonhamos com cores, mas sempre te sonhei
colorido. Dessa vez te vi numa casa de azulejos amarelos. Fascinante como os sonhos
nos pregam peças. Na infância havia uma casa de azulejos amarelos na minha rua,
tinha uma varanda ampla com uma garagem cuja entrada tinha um arco suave apoiado
nas extremidades por meia-colunas em espiral, ao lado da varanda uma ampla
janela com cortinas brancas. Me mudei dessa vizinhança muito cedo e não tive chance de entrar nessa casa, sequer cheguei a conhecer seus moradores. Mas nunca a
esqueci, embora não me lembre de ter parado em algum momento da vida para lembrá-la.
Até agora. Nessa sua nova casa do sonho você me abria os braços, o sorriso e
através da cortina branca eu podia ver a rua e um céu azul profundo e intenso, justamente
na hora mágica. O mais estranho do sonho, meu bem, é que ao me virar novamente, não lhe via mais. Parecia nunca ter estado lá. E a casa amarela era apenas
a casa da minha infância, e, voltando apressada para a janela, pude ver a
mim mesma quando criança, olhando na direção da janela na qual estava.
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