"Vestiram suas roupas devagar" |
Vestiram suas roupas
devagar, de vez em quando ela olhava para ele sorrateiramente, de forma moleca,
de um jeito que só essa noite ela o fizera. Ele não tirava os olhos dela, não
conseguiria nem que tentasse. O banal da vida que se desenrolava parecia ganhar contornos surreais, nenhum cataclismo
anunciado, um desvairo apenas. O maior deles, o definitivo e o mais passageiro.
Ela tinha aquele jeito jovial, o seu sorriso o desarmava de toda sua seriedade,
os movimentos dela tinham uma graça que o fazia pensar estar em um filme
qualquer que vira há muito tempo, um o qual não lembrava o nome. Olhando
aquelas ancas, suas tattoos e a marca esmaecida do biquíni, claro que não
lembraria de filme nenhum. Sobretudo enquanto ela sussurrava o nome dele soprando
leve dentro da orelha e seus pelos arrepiavam. Sem pressa dirigiram-se para a porta.
Mesmo sabendo quase nada um do outro, agora dividiam um segredo que dissolvia
as grades da jaula que prendia a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário