Henri Cartier Bresson |
Havia sol no dia que ela foi até a agência dos correios postar a dita carta. Havia prometido pra si mesma que não o faria, durante muito tempo hesitou, algumas vezes ensaiou o percurso a pé, que passava pelo mercado, atravessava aquela praça dos benjamins, pela esquina daquele botequim frequentado pelos motoristas e cobradores da empresa de ônibus.
Hoje foi o
dia em que aquele seu nó na garganta se desfez. Colocou um diáfano vestido
floral, com alças finas, aquele mesmo vestido que repetia e descrevia, em câmera
lenta, a cadência de seus passos como sua poesia em movimento, quando passava pelas ruas. Hoje resolveu
soltar o cabelo, estava comprido. Solto, pois não havia mais motivos de
esperas, nem amarras para que não balançassem ao vento da manhã dessa sexta
feira.
Postou a carta que dizia de sua liberdade. Deu as costas para a loja dos
Correios com a leveza de quem nasceu hoje. Parou na padaria, pediu um café,
fumou um cigarro, enquanto ia para o Centro. Flertou com o rapaz bonito da loja
de sapatos.
Sentia-se mais viva que nunca em seu aniversário.
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