Hugues Erre |
Você me disse sobre o seu medo. Sim baby, você teve coragem. Você é uma sólida parede, um tipo de trator cujas esteiras deitaram
perfume por toda a casa. Também chocolate, vodka e sal pelo caminho desse
quarto até varanda onde ensaiei meu salto. Escrevi linhas de raiva com as unhas
pela parede, quisera você me consertasse, voltaria sempre pra fazer estrago
maior, te ter em meus braços em silêncio, sabor de açaí, sentir seu cheiro que
já era quase o meu.
Te proporia maiores delícias e dores, maior seria a
proposta para qual você nunca recusaria abrir suas pernas. Seríamos comidos
pelo futuro que corre ao lado na rua escura e você me teria como nunca imaginou
e o trator se perderia no lamaçal inevitável de um aborto de expectativas.
Baby, eu falhei porque sou torto e quero demais. E erro
demais ao realizar minhas fantasias. No fundo não sei querer, ninguém me
ensinou isso.
Mas hoje você falou do seu medo, hoje eu era seu medo. Você cruzou a porta para nunca mais. Sem mais, meu corpo começou a padecer da
falta de todas as sacanagens que você me prometera quando nos conhecemos.
Um novo tipo de dor, uma síndrome de abstinência
pelos cortes nos braços, pela promessa não cumprida do tiro de misericórdia
disparado pelo seu sexo cru. Uma dor nova que faz continuar rastejando atrás de
ti pelos mesmos cantos da casa, mesmo depois que você se foi.
Ninguém sabe querer, a vida não ensinou.
ResponderExcluirAnnie