Então, num súbito, ela sentia-se radiante frente a
ele. Não tinha mais medo de sua nudez, nada de seu corpo a envergonhava, nem
era muito gorda, nem muito magra, seus pelos, peitos, ancas estavam lá como se
antes de toda vida sempre estivessem.
Enquanto mirava os seus olhos, sabia que daquele
instante para frente começava a dominar um novo jogo, no qual todos ganhavam e
todos perdiam. Gostou daquela sensação, não era mais apenas uma garotinha, mas,
mesmo parecendo uma, tinha um poder infinito, podia desintegrar meia galáxia se
quisesse, piscando apenas um olho. Naquele momento que se virava, podia pô-lo ao
avesso com um leve requebrar, agora sabia como funcionava.
Mais nua do que nunca estivera, ao mesmo tempo, escondia
tanto que nem mesmo o menor grão de luz podia penetrar pelas brechas
infinitesimais de seus pensamentos. Ela estava além de si mesma, porque agora
sabia que havia algo de si que tinha conquistado para toda vida. Ele a
olhava com desejo, porém, certamente, absurdamente alheio às intensas
revoluções internas pelas quais passava a cabeça daquela garota.
Numa sequência de segundos eternos, ela deus alguns
poucos passos em direção à cama daquele quarto de motel barato. Ele não sabia.
Ela estava se encontrando, e ele... Estava
perdido.
Ela fez uma tatuagem em alusão a esse momento. Era
uma tattoo engraçada, ninguém nunca entendeu.
E ela nunca explicou.
Cara, esse está muito bom. Muito mesmo. Sem mais.
ResponderExcluirGeó.