segunda-feira, 9 de julho de 2012

Mas ele não a ouvia


Ela começou a noite sorridente, como sempre, mesmo com a vida em descompasso com tudo que deveria ser o certo. Era seu jeito de lidar com as coisas que não podiam seguir à sua vontade, sorria. Situações, tempos, idas e vinda de uma ciranda improvável, gestos não calculados de uma vontade que não podia ser expressa. Não agora, não ali, talvez, não com ele. Mas ela não sabia. Não sabia de cada coisa que podia advir de uma ou outra palavra solta, de um ou outro sonho que teve sem contar a ele, nem a ninguém. Ela não sabia de seus sentimentos, ou sabia demais, para não querer ouvi-los agora. Nem mesmo expressá-los. Tudo que queria era que ele a ouvisse, mas ele não a ouvia. Não dessa vez, pois estava surdo de seus olhos castanhos, de sua pele morena, e de uma promessa esquecida um tempo atrás. Sumir naquele momento seria o certo a ser feito, ir para algum lugar remoto onde a espera fosse companhada de calma, onde pudesse haver um merecido momento para os dois ao final. No qual deitar sua cabeça em seu colo e sentir as mãos dele passearem languidamente por seu cabelos fosse a única verdade a ser escrita na próximas linhas de um novo texto, ansioso para ser lido.


Ela ouviria cada linha com olhos fechados...

Um comentário:

  1. "Ela não sabia de seus sentimentos, ou sabia demais, para não querer ouvi-los agora. Nem mesmo expressá-los." Isso.

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