terça-feira, 24 de julho de 2012

Imprecisões afetivas

Na Estrada (Walter Salles)


Meu último poema de amor não deveria ser escrito assim, quando seu olhar já não era uma interrogação, e o meu peito, velho lugar de divagações imprecisas sobre o quase nada das sobras de cartilhas, estivesse vago de saber se existia. Só poderia dizer-lhe de disposições vãs sobre músicas que nunca escreveria por não saber fazer música. Diria também do sobre o que você espera e como devolver-lhe o caos à vida, de desmontar o relógio com ferramentas delicadas feitas a quatro(centas) mãos. Diria pra dentro e com toda força, da coisa imprecisa que antes de fazer-se sentir já buscava a sua outra numa parte remota de um  planeta morto. Meu último poema de amor seria um texto, que se escrito, faria os amantes desistirem de viver, ao mesmo tempo em que te convenceria que valia a pena parar tudo e querer o lado impossível, no qual suas loucuras fossem a cama onde, entorpecida de álcool e restos de velhos amores que nunca te deixaram, sua paixão só seria surpreendida pela velocidade a qual todo fim parece trazer consigo.

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